1808 (#1) – Não tinha como dar certo

Não sei se você percebeu, mas eu gosto muito de ler. Manter esse hábito na minha rotina tem me ajudado a expandir minha visão de mundo e a gerar insights para projetos pessoais e profissionais. Neste momento, estou lendo o best-seller “1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”, de Laurentino Gomes, como uma forma de relembrar e descobrir relatos históricos sobre a chegada da família real a este lado do Atlântico.

Ler esta obra confirmou meu entendimento de que estudar o passado ajuda a compreender o presente. Sabe todos aqueles aspectos irritantes do Brasil, como a extrema burocracia, os altos impostos e a falta de liberdade econômica que nos atingem atualmente? Pois é, tudo isso já acontecia lá no século XIX, com o estabelecimento da família real no Rio de Janeiro.

E não é como se tivéssemos tido alguma chance de termos um país minimamente decente. Desde o início, a antiquada coroa portuguesa já demonstrava sinais de sua decadência. Portugal estava atrás de Inglaterra, França e Espanha em vários aspectos, como medicina, higiene pública, educação e até no setor que representava sua época de ouro: a tecnologia naval.

De fato, conforme o autor aponta, até o Brasil Colônia já estava ultrapassando sua metrópole em termos de poderio econômico – o que, por sinal, foi um dos motivos para Dom João VI aceitar a perigosa viagem pelo Atlântico.

A seguir, compartilho algumas impressões que tive ao ler 1808 até o momento:

  • A monarquia era uma máquina de gastar dinheiro! Boa parte da economia girava em torno de bancar todos os nobres que vieram com o rei, o que resultava em altos impostos e algumas injustiças, como a desapropriação de moradores locais para abrigar os recém-chegados.
  • Dom João VI era um bundão. Conforme os relatos históricos, ele era geralmente descrito como alguém indeciso, retraído, gordo, sujo e que delegava suas responsabilidades como governante para terceiros. O que mais me impressionou foi saber que ele não trocava de roupa de jeito nenhum, obrigando costureiras a remendarem suas vestes enquanto ele dormia. Ainda assim, apesar de todas essas peculiaridades, conseguiu enganar Napoleão – sendo o único a fazê-lo. Será que aí começou o “jeitinho brasileiro”?
  • A grande influência da Inglaterra. Eu já sabia que os ingleses tiveram um papel fundamental nesse período da coroa portuguesa no Brasil, mas não imaginava que eles escoltaram a frota portuguesa durante todo o trajeto, garantindo a chegada dos nobres à América. Além disso, a Inglaterra foi a maior beneficiada pela abertura dos portos brasileiros, pois era a única nação europeia capaz de navegar livremente nos oceanos, graças à vitória decisiva contra franceses e espanhóis.
  • Carlota Joaquina era uma pessoa odiável. Pelo que li, além de ser extremamente difícil de lidar, ela tentou usurpar o trono várias vezes, a ponto de Dom João VI preferir manter distância da própria esposa.
  • A viagem da coroa para o Brasil daria uma ótima comédia! Todo o processo de enganar Napoleão, a fuga apressada que deixou documentos importantes largados no porto de Lisboa, a falta de preparativos para a extenuante travessia, o fato de toda a família real viajar na mesma embarcação… Tudo isso daria um roteiro de comédia impecável. Ouro puro!

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Creio que estas são minhas principais impressões sobre o livro até o momento (já li cerca de 40%). Estou achando muito divertido e informativo explorar os detalhes da chegada da família real ao Brasil. Conforme eu avançar na leitura, compartilharei mais sobre minhas impressões da obra.

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