Acabei de terminar de ler o livro “Lifelong Learners: o poder do aprendizado contínuo”, de Conrado Scholochauer. Era um livro que eu estava de olho há algum tempo, pois o tema “aprendizagem” tem captado cada vez mais meu interesse. E posso dizer: baita livro!
Ele complementou perfeitamente “The Science of Self Learning”, que li recentemente. Ambos destacam um ponto crucial: aprender é algo que podemos estruturar por conta própria, sem depender de agentes externos para definir os temas em que queremos mergulhar.
A abordagem de Conrado trouxe insights valiosos sobre as diferentes formas de aprender e como podemos assumir o controle do nosso aprendizado. Vou listar alguns pontos de destaque da minha leitura:
Aprender é diferente de estudar!
Na época da escola, quando meu pai me perguntava o que tinha aprendido naquela semana, minha resposta sempre era algo do tipo: “Ah, eu estudei sobre o relevo do Paraná. A professora mostrou os três planaltos do estado. Achei bem legal, até” (sempre curti geografia).
No entanto, aprender algo não necessariamente envolve o estudo formal de um assunto. Por exemplo, depois de quase causar um curto-circuito no apartamento ao tentar consertar uma tomada, aprendi que deveria ter chamado meu pai para me ajudar a fazer o conserto (a curiosidade de uma criança pode ser fatal, às vezes).
Sacou? Aprender é diferente de estudar!
Podemos aprender de várias formas. O estudo formal é apenas uma delas.
Esta discussão que o autor apresenta é muito interessante, pois crescemos com a ideia de que nosso aprendizado se limita à fase escolar ou acadêmica. Porém, por que deveríamos restringir as diversas possibilidades de aprendizado a um período que representa apenas uma pequena fração de nossas vidas?
A verdade é que frequentemente ignoramos as outras fontes de aprendizado que temos à disposição. Vou tratar deste assunto no próximo tópico.
Consumir conteúdo não é a única forma de aprender
Quando queremos aprender algo, geralmente a primeira coisa que fazemos é pesquisar no Google ou YouTube sobre o assunto (e hoje em dia, o TikTok também se tornou uma ferramenta de busca para algumas pessoas) – o que faz todo sentido, já que não há meio mais rápido de encontrar respostas do que a internet.
Eu mesmo utilizo ferramentas online diariamente para aprender coisas novas. Não há nada de errado nisso. Mas já parou para pensar que existem coisas que o Google nunca poderá nos ensinar?
“Hã, como assim?”. Deixa eu explicar.
Sabe aquela receita que sua mãe ou vó faz que, mesmo seguindo a mesma receita da internet, o resultado nunca fica igual? Pois é, certas coisas exigem experiência e a orientação de pessoas que dominam o assunto. Neste caso, o que seria mais valioso: pesquisar a receita na internet ou pedir para sua vó te ensinar o passo a passo? Posso dizer por experiência própria que a segunda opção é muito mais proveitosa (e divertida).
Conversando com meu pai sobre isso, ele me deu outro ótimo exemplo: quantos pedreiros tiveram a oportunidade de fazer um curso técnico ou superior? Creio que poucos. Porém, isso não significa que a falta de capacitação formal os impeça de fazer um trabalho excelente. Pelo contrário, todo o conhecimento adquirido com seus pais, mestres e anos de experiência lhes proporcionou um tipo de aprendizado que faculdade alguma conseguiria replicar.
Por isso, consumir bons conteúdos é apenas uma etapa do processo de aprendizagem. Se não colocarmos a mão na massa, dificilmente conseguiremos aprender de forma completa. Então, não menospreze o poder das experiências!
Aprender deve ser algo divertido
Não sei você, mas eu amo aprender coisas novas e explorar territórios desconhecidos do conhecimento. De certa forma, toda vez que me proponho a aprender algo novo, me sinto como aquele batedor de Age of Empires explorando o mapa do jogo – o que é incrivelmente divertido!
Durante o período escolar, raramente associei diversão aos estudos. Se eu pudesse escolher o que estudar, certamente não seria química orgânica (nem preciso mencionar meu baixo desempenho nessa matéria). Lembro-me de fazer infinitos exercícios tentando entender aquelas cadeias de carbono – parecia uma eternidade.
Por outro lado, nas aulas de história ou geografia, o tempo voava. Eu amava estudar sobre geopolítica, Idade Média, Egito Antigo, climas e aspectos econômicos de cada continente. Às vezes, até usava o tempo do recreio para correr até a biblioteca e ler mais sobre esses assuntos (bem coisa de nerd, não é?).
E é aí que entra o fator diversão.
Para mim, aprender sobre assuntos do meu interesse era naturalmente divertido. No entanto, o modelo tradicional de educação acaba tornando o processo de aprendizagem rígido e monótono. É por isso que muitas pessoas desenvolvem uma visão negativa da leitura e do estudo, mesmo reconhecendo sua importância.
Felizmente, hoje posso aprender aquilo que realmente me interessa, sem pressões externas. Posso me dedicar a aprender a escrever romances em um dia, estudar desenho de personagens em outro e descobrir como programar em JavaScript depois. E o melhor: sem a pressão de notas, certificados e exames – apenas pelo puro prazer de aprender! Existe algo mais divertido que isso?
O livro Lifelong Learners me proporcionou vários insights valiosos. Os que compartilhei neste artigo são apenas alguns dos principais que surgiram após terminar a leitura. Recomendo fortemente este livro, pois ele oferece dicas práticas para criarmos nossa própria jornada de aprendizagem.
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Até a próxima!