Já aconteceu de você estar caminhando na rua, sentir alguns pingos caírem sobre a testa, abrir o guarda-chuva e, ao olhar em volta, perceber que é o único com ele aberto?
Essa é uma situação corriqueira, mas sempre que acontece comigo, sinto um pequeno conflito: faço como os outros e mantenho o guarda-chuva fechado, mesmo tomando chuva na cabeça, ou continuo com ele aberto, mesmo sendo o único na rua a fazer isso?
Meu ponto aqui não é sobre ficar molhado ou não. Na verdade, a questão é: quão disposto estou a ir contra o senso comum?
Muitas vezes, temos vontade de fazer algo que vai contra o senso comum, como, por exemplo, deixar de trabalhar em um emprego estável para empreender ou abandonar a faculdade para seguir uma determinada carreira profissional.
Não que seja errado buscar estabilidade e segurança, especialmente considerando a loucura que é o Brasil. Porém, já parou para pensar em quantas oportunidades podemos deixar passar ao manter uma mentalidade fechada, trocando nossa liberdade e autonomia por uma “estabilidade” que, no fundo, não existe?
Não estou dizendo que agir como um “ponto fora da curva” seja a melhor opção para todos, nem que seja o único caminho certo. Contudo, acredito que, quanto mais instável e caótico o mundo se torna, mais precisamos estar dispostos a pensar fora da caixa.
Por exemplo, pense no modelo tradicional de educação que seguimos há séculos. A lógica sempre foi a mesma:
- Você segue uma grade curricular definida por terceiros;
- É avaliado seguindo padrões que existem há mais de 100, 200 anos;
- É ensinado que só será bem-sucedido se conseguir uma graduação em uma boa universidade, estabilizar-se em um bom emprego e garantir uma aposentadoria.
“ Tá, mas qual o problema de pensar assim?”
Na minha opinião, essa mentalidade, passada de geração em geração, faz com que deixemos de lado o pensamento crítico e a autonomia para encontrar soluções diferentes para os problemas que enfrentamos.
Quando aceitamos que alguém, que nunca vimos, decida como deve ser nossa jornada de aprendizado por meio de grades curriculares e didáticas defasadas, ficamos à mercê da vontade alheia, como um pequeno barco sem velas ou motor no meio do oceano.
É claro que as instituições de ensino são importantes para o aprendizado. No entanto, acredito que a maioria falha em estimular o pensamento crítico e a autonomia necessária para desenvolver as competências exigidas pelo mercado de trabalho e pela sociedade atual. E, como as escolas e faculdades falham nisso, cabe a nós desenvolvermos essas competências por conta própria.
Por exemplo, em vez de pensar em fazer uma pós-graduação ou especialização formal, será que a melhor alternativa não seria estudar por meio de cursos livres ou até mesmo pelo YouTube?
Portanto, abrir o guarda-chuva quando ninguém mais o faz não é apenas uma questão de se proteger da chuva, mas de estar disposto a questionar, desafiar e inovar. Fugir do senso comum é o que nos leva a oportunidades que muitos deixam escapar por medo do desconhecido ou por apego a falsas seguranças. Ao desenvolver autonomia e pensar fora da caixa, você não só se diferencia, mas se prepara para um mundo em constante transformação.
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